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domingo, 10 de junho de 2012

The Velvet Underground And Nico | The Velvet Underground (1967)





"O primeiro disco do Velvet Underground vendeu apenas 10.000 cópias, mas todo mundo que comprou quis começar uma banda", é o que Brian Eno disse sobre The Velvet Underground And Nico, disco de estreia da banda nova-iorquina The Velvet Underground.

A banda já vinha tocando no circuito underground de New York quando, em 1965, Andy Warhol se encantou pela banda de vanguarda que fazia um experimental e pouco comercial, e decidiu se tornar empresário do Velvet Underground, fazendo com que o grupo participasse do seu roadshow, Exploding Plastic Inevitable. A reputação de Warhol ajudou o Velvet a ganhar notoriedade, e assim Lou Reed, John Cale & Cia. conseguiram um contrato com a Verve Records.


Andy Warhol e Lou Reed

Há quem diga que Warhol foi uma espécie de "mentor intelectual" do Velvet Underground, mas na verdade a banda já tinha seu som próprio antes da chegada dele. A única imposição de Warhol foi que Nico (sobre quem já falei aqui) fosse a vocalista do grupo em seu disco de estreia, o que acabou sendo acatado, mesmo sob protestos de alguns dos integrantes.

As gravações de The Velvet Underground And Nico aconteceram em 1966, mas o álbum só foi lançado em 1967, com quase um ano de atraso. Os temas controversos das letras - drogas, sexo, sadomasoquismo - fizeram com que o disco fosse banido de muitas lojas, e algumas rádios se recusavam a tocas suas músicas. Além disso, problemas com a imagem da contracapa do álbum, que continha uma imagem do filme Chelsea Girls usada sem autorização fez com que a Verve tivesse que retirar o disco de circulação, o que prejudicou ainda mais as vendas.

Embora o Velvet Underground não tenha sido um sucesso comercial nos anos 60, atualmente é citado por muitos críticos como um dos grupos mais importantes e de maior influência da época. A banda teve um período de atividade curto, de 1964 a 1973, e durante esse tempo alcançou apenas uma fração do reconhecimento público quanto ao mérito criativo que hoje a faz ser citada pela crítica especializada como um dos poucos grupos realmente essenciais da história do rock. O Velvet influenciou os contemporâneos Iggy Pop e David Bowie, além de Joy Division, Jesus and Mary Chain, Radiohead, Nirvana e muitos outros.

The Velvet Underground And Nico ocupa a 13a. posição na lista dos Melhores Discos de Todos os Tempos da revista Rolling Stone e permanece como um dos discos icônicos do rock'n'roll. Nos anos 80, um repórter perguntou a Lou Reed qual era a definição dele sobre o disco de estreia do Velvet Underground. Quando Reed respondeu "é simplesmente o mais importante disco da história do rock", o repórter tentou argumentar e perguntou se este não seria Sgt. Pepper`s, e recebeu a seguinte resposta de Lou:

          "Eu disse o mais importante, e não o que mais vendeu. Se não está convencido, pergunte pra essa nova geração de onde eles tiram esse som."


O livro diz que:
A objetividade com que o disco tratava de sexo e drogas fez com que fosse banido das rádios de Nova York; as estações no resto dos Estados Unidos simplesmente o ignoraram. Os críticos odiaram o álbum e muitos achavam que era apenas um trote elaborado de Warhol (ele é o responsável pela capa que mostra uma simbólica banana pronta pra ser descascada); a revista Rolling Stone sequer resenhou o disco. E praticamente ninguém o comprou na época. Mas, como Brian Eno comentou certa vez, quem o comprou acabou montando uma banda. Grupos New Wave como Joy Division, Talking Heads e Television devem muito ao aguçado minimalismo do Velvet; o rosnar de Lou Reed inspirou um bando de vocalistas punk, enquanto os delírios sonoros do grupo foram revisitados por bandas como The Jesus And Mary Chain, que também roubou do Velvet o visual couro-preto-e-óculos-escuros.




Concluindo
Eu já curtia algumas músicas do Velvet Underground: "I'm Waiting For The Man" e "Sweet Jane" (que vem a ser uma das músicas que eu mais amo nessa vida) eram as mais tocadas da banda na minha playlist. Nunca tinha escutado um álbum inteiro da banda. Acho que agora posso dizer que The Velvet Underground And Nico foi mais que um bom começo.

Digamos que é perfeitamente compreensível o fato de que hoje o álbum é visto por muita gente como um dos mais importantes da história do rock'n'roll. The Velvet Underground And Nico é muito bom! O som cru e selvagem do Velvet é totalmente diferente daquilo que vinha sendo feito na época. "I'm Waiting For The Man" é um ótimo exemplo disso, com guitarras pesadas e um piano sendo esmurrado ao fundo. "Venus In Furs" dispensa comentários, é absolutamente sensacional. "Sunday Morning" é um momento de doçura em meio à selvageria. Até mesmo a Nico, de quem eu não tinha gostado nada em Chelsea Girl, aqui me irritou bem menos, e sua voz grave casa perfeitamente com o som do Velvet em "Femme Fatale".

Enquanto ouvia "Heroin" me lembrei de uma cena do filme Things We Lost In The Fire (que é bem "marromeno" e eu confesso que assisti só por causa do Benicio Del Toro) em que a personagem da Halle Berry pergunta ao personagem do Benicio Del Toro, o ex-viciado Jerry, qual é a sensação que a heroína provoca e ele responde: "já ouviu aquela expressão 'ser beijado por deus'?". Pois bem, acho que era mais ou menos isso que o Lou Reed tinha em mente quando compôs "Heroin". A música é uma incrível ode à heroína, e pra mim é a melhor faixa do disco.

Em 2009, o Beck se juntou com alguns outros músicos e fez uma regravação de The Velvet Underground And Nico para seu projeto, Record Club, que consiste basicamente em chamar uma galera (e por "galera" entenda-se "um bando de músicos talentosos") para regravar um disco inteiro em apenas um dia. Ou seja, mais de 40 anos depois de ser lançado, o álbum de estreia do Velvet Underground continua influenciando muita gente. 

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