Em 1965, um novo guitarrista se juntou à banda já existente Soul Giants, e logo assumiu a liderança da mesma, convencendo os outros músicos a tocar composições próprias para que pudessem aumentar suas chances de conseguir um contrato de gravação. Assim, em pleno Dia das Mães nos EUA, a banda mudou seu nome para The Mothers. No início de 1966, o produtor Tom Wilson se interessou pelos Mothers e assinou o grupo com a Verve Records, uma divisão da MGM. Após uma certa pressão da gravadora, a banda mudou de nome, e assim nascia o The Mothers Of Invention.
Aquele guitarrista citado lá no começo do texto trata-se de Frank Zappa. É impossível falar sobre a história do rock, e da música de uma forma geral, sem falar de Zappa.
Frank Vincent Zappa é um daqueles caras que, como costuma se dizer por aí, "joga nas onze". Começou a compôr música clássica ainda no ensino médio, e em seus mais de 30 anos de carreira, se aventurou ainda pelo rock, jazz e música eletrônica e produziu quase todos os 60 álbuns que lançou com o Mothers Of Invention. E, no meio disso tudo, ainda achou tempo para desenhar algumas capas de seus álbuns e também dirigir longas metragens e videoclipes. Até hoje, Zappa é considerado um dos guitarristas mais originais de todos os tempos, influenciado músicos e compositores. Por essas e outras que ele é considerado um dos artistas mais produtivos e prolíficos da história.
Freak Out! é o primeiro disco da The Mothers Of Invention, e o segundo álbum duplo da história da música. Mistura rock, R&B, doo-woop, música erudita, colagens de sons experimentais e humor. A maior parte do material é de autoria de Zappa, mas os outros integrantes da banda também contribuíram.
O livro diz que:
Nascidos no coração da florescente cultura freak da Costa Oeste e contratados pelo produtor Tom Wilson, Zappa e sua banda decidiram fundir cabeças na sua estréia. E mais, o disco tinha um propósito. "Cada música tinha uma função, dentro de um conceito totalmente satírico", disse Zappa.
Concluindo
Eu pensei, de início, em classificar esse disco como uma obra Dadaísta. Uma coisa meio nonsense, sem pé nem cabeça. Mas, ouvindo com mais calma e atenção, percebi que não é esse o caso.
O disco mistura um som cru com arranjos sofisticados e letras divertidas que criticam a sociedade americana. Tem muito, muito, muito experimentalismo, mas é uma experimentação focada, que não se perde, que não é - nem de longe - vazia. Ouvindo o disco, você nota que tudo aquilo que parece experimentação foi, na verdade, muito bem pensado por Zappa e seus companheiros de banda.
No primeiro disco (ou, pra quem está ouvindo em MP3 como eu, até a faixa 11), os Mothers misturam o rock com R&B, alguns elementos de blues, um pouquinho de arranjos de orquestra e alguns sons experimentais. As baladas "pseudo-românticas" "Go Cry On Somebody Else's Shoulder" (um belo de um passa-fora que com certeza você já teve vontade de dar em alguém), "You're Probably Wondering Why I'm Here", "Any Way The Wind Blows" e "How Could I Be Such a Fool" são simplesmente geniais! "Hungry Freaks" faz uma ácida crítica ao American Way Of Life e é em "Who Are The Brain Police?" que a banda começa a brincar com a experimentação.
É no segundo disco (a partir da faixa 12) que os Mothers resolvem experimentar de vez. "Help, I'm a Rock" me lembrou um pouco "A Love Supreme" do Coltrane, guardadas as devidas proporções jazzísticas e roqueiras. Em "It Can't Happen Here", a banda mescla o jazz a vocalizações. O álbum termina com "Return Of The Son Of The Monster Magnet", faixa que começa com um diálogo de Zappa com Susie Creamcheese e se estende por mais de 12 minutos de puro rock experimental (e que remete um pouco às músicas do Beck, principalmente dos primeiros discos).
Tudo isso faz de Freak Out! um disco diferente, divertido, marcante, enfim... Genial! Vindo de Frank Zappa, não havia como ser diferente.
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