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quinta-feira, 8 de março de 2012

Wild Is The Wind | Nina Simone (1966)



Se você não sabe, nunca ouviu falar, nem faz ideia de quem seja Nina Simone, vou sugerir que você comece por onde eu comecei: a inigualável interpretação de "I Loves You, Porgy".



Eunice Kathleen Waimon foi uma pianista, cantora e compositora norte-americana. Aos 20 anos, adotou seu nome artístico - Nina Simone - para que pudesse cantar blues, "a música do diabo", escondida de seus pais, que eram pastores metodistas.

Nina foi perseguida por ser negra e, por conta disso, abraçou publicamente toda e qualquer causa contra o racismo. Era uma ativista de importância tamanha que chegou a cantar no funeral de Martin Luther King. E, como infelizmente é comum a muitas das divas da música, teve uma sofrida vida pessoal: seu marido, um policial, batia nela.

Simone foi uma das primeiras artistas negras aceitas na renomada (e conservadora) Julliard School Of Music. Durante toda sua carreira, aventurou-se pelo gospel, soul, blues, folk e jazz. Ficou conhecida por ser uma íntérprete visceral, uma compositora inspirada e pelo seu modo de tocar piano, carregado de energia e perfeição.

Wild Is The Wind é seu sexto álbum lançado pela gravadora Phillips, e consiste de sobras de gravações de 1964 e 1965.

O livro diz que:
Apesar de ter sido montado a partir de sobras de gravações feitas entre 1964 e 1965, Wild Is The Wind é o melhor exemplo de como o ecletismo de Simone podia dar origem a uma obra musical coesa. O disco exibe uma variedade espantosa, com 11 faixas até então inéditas que levam a uma viagem sinuosa mas convincente por diferentes estilos e emoções.



Concluindo
O que dizer de Wild Is The Wind? O impacto que esse disco teve sobre mim foi tão grande que chega a ser difícil encontrar palavras para escrever sobre ele.

O disco começa com a animadinha "I Love Your Lovin' Ways", e aí você pensa que talvez este seja mais um daqueles gostosinhos discos de jazz. Mas logo em seguida vem "Four Women", e você imediatamente se vê transportado para os Estados Unidos em meio a uma época de segregação racial forte. Nina usa a música para falar sobre quatro estereótipos criados pela sociedade norte-americana para as mulheres afrodescendentes - a escrava, a mestiça, a prostituta e a revoltada. E você consegue se sentir na pele de cada uma delas.

Nina mescla canções mais pop, como "Break Down And Let It All Out" e "Why Keep On Breaking My Heart" com declarações de amor rasgadas e doídas, caso de "What More Can I Say" e "That's All I Ask". E, embora sejam músicas tão díspares, como o próprio livro diz, o disco é coeso. Não perde o sentido. E, principalmente, não perde a força.

O tour de force do disco fica mesmo por conta da faixa que dá nome ao álbum, "Wild Is The Wind". Pra vocês terem mais ou menos uma noção do que é essa música, digo o seguinte: já ouvi 75 discos pra este desafio. Alguns muito bons, outros nem tanto. É um número de músicas que já perdi a conta, mas nenhuma - eu disse nenhuma - até então foi capaz de fazer meus olhos se encherem de lágrimas. Sim, eu chorei ouvindo "Wild Is The Wind". É uma das músicas mais lindas que já ouvi na vida. A letra casa perfeitamente com a interpretação passional de Nina. Se você não acredita no que eu estou dizendo, ou acha que talvez eu esteja exagerando, basta ouvir pra tirar suas próprias conclusões. Impossível não se emocionar.






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