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sábado, 15 de outubro de 2011

In the wee small hours | Frank Sinatra (1955)


Este definitivamente não é o Sinatra de "I've got you under my skin", "Come fly with me", "I won't dance", e tantos outros clássicos. Confesso que a única música que eu conhecia deste álbum era "In the wee small hours of the morning". A voz é a mesma, mas as músicas e a interpretação de Sinatra em In The Wee Small Hours nem de longe lembram "Fly me to the moon" ou "It happened in Monterrey", por exemplo.

Apesar de ser um marco no renascimento da carreira de Sinatra, que andava mal até o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por sua atuação em A um passo da eternidade, o álbum é triste. Frank havia rompido com a atriz Ava Gardner, com quem teve uma conturbada relação, e a dor da separação é latente em muitas das canções de In The Wee Small Hours. Diz o Ol'Blue Eyes em "Glad to be unhappy": "Fools rush in/ So here I am/ Very glad to be unhappy/ I can't win, so here I am/ More than glad to be unhappy" (Os tolos se apressam/ Então aqui estou/ Muito contente por estar infeliz/ Eu não posso vencer, então aqui estou/ Mais do que que contente em ser infeliz). Triste, não?

Pois é. A "dor de cotovelo" está lá, em cada versinho de cada canção, mesmo que ele não seja o autor da grande maioria delas. "It never entered my mind" é um doloroso "bem que você avisou": "Once I laughed when I heard you saying/ That I'd be playing solitaire/ Uneasy in my easy chair/ It never entered my mind" ("Certa vez eu ri quando ouvi você dizendo/ Que eu acabaria jogando paciência/ Desconfortável na minha poltrona/ Isso nunca entrou na minha cabeça"), diz a canção. Em "Can't we be friends?" consigo visualizar o Frank sentado em um balcão de bar contando suas angústias pro barman (algo como "Garçon", do Reginaldo Rossi, mas com muuuuito mais glamour! rs)


Ava Gardner


Diz o livro:
In The Wee Small Hours foi lançado pouco depois de o romance entre Sinatra e Ava Gardner ter terminado, e esse rompimento talvez tenha tornado este o melhor álbum de todos os tempos sobre o tema da separação. O Sinatra do imaginário popular, aquele sujeito meio malandro, sempre com uma piada na ponta da língua, não aparece aqui - ele é um homem, apenas. Os vendedores de discos que costumavam colocar Sinatra na prateleira de easy listening certamente nunca o tinham ouvido cantar as confissões de bêbado de "Can't We Be Friends?" e muito menos suplicar como em "What Is This Thing Called Love?", de Cole Porter. E "Mood Indigo", de Duke Ellington, nunca havia soado tão melancólica.

Concluindo:
Embora seja um álbum em que as canções são totalmente diferentes das que eu sempre gostei do Sinatra, achei In The Wee Small Hours muito bom. É extremamente melancólico, mas não há como negar que a interpretação magistral de Frank Sinatra deixa qualquer música mais bonita. Não acho que seja muito recomendável ouvi-lo depois de uma desilusão amorosa, já que as canções são bem tristes. Mas há quem goste de curtir uma fossa, então, basta abrir um bom vinho e colocar In The Wee Small Hours pra rolar. Pelo menos você terá a inigualável voz do Frank Sinatra pra servir de companhia!


Faltam 499 dias.
Faltam 1000 discos.

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